40 anos dedicados ao comércio ituano

Prestes a completar 40 anos de atividade profissional dedicados exclusivamente ao comércio varejista, o comerciante Marcelo de Mello Zambon, 53, é exemplo de dedicação e disciplina.

Sua história de sucesso começou ainda garoto, com 14 anos, quando ele e seu amigo de colégio Herbert Steiner tiveram a ideia de abrir uma loja para vender roupas de grife. Embora a sociedade não tenha se concretizado, o sonho de Marcelo não acabou. Ao contrário, com o apoio da mãe, Maria Zilda de Mello Zambon, e com o dinheiro obtido em trabalhos como pintor letrista, comprou as primeiras peças de roupa e abriu uma loja na garagem de sua casa. Hoje Marcelo Zambon é um dos comerciantes mais conhecidos e respeitados de Itu/SP. Possui seis lojas na cidade e uma em Jundiaí/SP.

A Hobby Esportes, segunda loja de Zambon, teve sua primeira sede no Largo do Bom Jesus

Marcelo Zambon volta no tempo e se recorda de toda sua trajetória profissional. Com orgulho, lembra-se que após seis meses com a loja aberta na garagem, o tão sonhado empreendimento ganhou um novo espaço e saiu, de vez, da informalidade. Em 1977 abriu oficialmente a loja Tio Sam, na Rua Floriano Peixoto, ao lado da antiga Padaria Central. Mesmo certo de que não deixaria o comércio, Zambon cursou a Escola Superior de Propaganda e Marketing em São Paulo. Nesse período contou, de novo, com a ajuda de sua mãe para cuidar da loja. De volta a Itu, associou-se a Giordano Chagas Neto e juntos montaram a Hobby Esportes, em 1982. A primeira loja foi instalada em um prédio localizado na Praça Padre Anchieta (Largo do Bom Jesus).

A antiga Casa Longhi foi adquirida em 1982 para a instalação da Hobby Magazine

Os negócios continuaram prosperando, e em 83, Zambon e seu sócio adquiriram o ponto da tradicional Casa Longhi, de propriedade de Venâncio D´Amico e Alceu Longhi, localizado na esquina da Rua Floriano Peixoto com a Sete de Setembro. No local surgiu a Hobby Magazine, que continua ativa até hoje. Pouco tempo depois, mais um ponto foi incorporado: o da loja de eletrodomésticos Casa das Máquinas, que ficava na esquina da frente e passou a abrigar, em 1985, a Hobby Esportes.

Mesmo com o sucesso da Hobby Magazine e da Hobby Esportes, a Tio Sam também continuou crescendo e mudou de ponto. Foi transferida para um prédio maior, localizado na esquina da Rua Floriano Peixoto com a Madre Maria Teodora.

Em 1995 se desfez da sociedade com Giordano. A partir de então, junto com sua esposa Valéria Limongi Zambon, sua nova sócia, prosseguiu a jornada empresarial com a Hobby Magazine e a loja Tio Sam, que foi reformulada e ganhou um novo nome: Zoo.

Zambon destaca que sempre esteve atento às mudanças do mercado. Tanto é que redesenhou várias vezes suas lojas, e alterou os nomes, de acordo com as tendências econômicas e sociais. A loja Zoo foi transferida de local, sendo instalada próximo às Lojas Cem, com nome de Sarablú. Tempos depois, foi transformada na loja Dika 10, em novo ponto comercial, na Rua Sete de Setembro, onde está até hoje.

Exemplo de sucesso

Enquanto Zambon conta sua história, demonstra o quanto gosta de sua profissão. O segredo do sucesso, segundo ele, é ter dedicação, paciência, persistência e, principalmente, fazer com que os empreendimentos sejam prioridade. “Essa história de curtir a vida é legal, mas não dá certo para o comerciante. Comerciante tem que gostar do seu negócio, insistir naquilo e ter prazer em estar ali a todo momento”, explica.

Hobby Magazine, inaugurada em 1983, era o maior centro de compras da cidade naquela época

Marcelo Zambon diz que só assim é possível aprender para superar os momentos difíceis. Para ele é necessário acreditar que sempre haverá clientes procurando produtos com diversos padrões de qualidade, independente do preço. “Seu cliente vai saber diferenciar quando uma camisa vale R$ 30,00 ou R$ 150,00. O apelo de preço não é o mais importante, pois, se houver valor agregado ao produto, você se diferencia do seu concorrente e consegue manter seu cliente fiel”, ensina.

Zambon vê com serenidade o atual momento econômico do Brasil e destaca que períodos de instabilidade já existiram no passado. “Na década de 80 e parte da década de 90 o comércio era muito atribulado pela inflação. Depois passamos a viver um período mais estável. Quem começou no comércio nos últimos 18 anos não sabe direito o que é o Brasil – a inflação alta e o desemprego. Lógico que não é agradável o que está acontecendo com a economia e talvez o mercado não dê conta do crescimento que ocorreu nos últimos tempos, mas essa fase, como outras difíceis, também será superada”, prevê.

Ele acredita que, mesmo durante a crise, o comércio pode crescer, mas para isso é necessária inovação por parte dos comerciantes. Dá algumas dicas para quem pretende ingressar no ramo: “Antes de abrir seu comércio, a pessoa tem que se perguntar: qual é o componente de inovação que ele tem? O capital de giro permite ficar dois anos fazendo só investimentos? Isso foi assim a vida inteira, mas pessoas hoje têm muita pressa”, salienta.

A Hobby Esportes, segunda loja de Zambon, teve sua primeira sede no Largo do Bom Jesus

Na sua avaliação, as pessoas se empolgam ao ver jovens ganhando fortunas na área digital, sem se darem conta de que esses expoentes fazem parte de uma minoria de gênios. “Essa não é a realidade de cidadãos normais, como nós. O sujeito que quer, por exemplo, ter um restaurante e fazer sucesso tem que trabalhar muito entre as panelas; estender esse trabalho para feriados, quando todo mundo quer fechar; trabalhar em horários alternativos; trabalhar mais que os concorrentes para conquistar seu público. Quem quer formar freguesia e desenvolver o negócio próprio tem que dividir seu tempo até com a própria família. O comércio está no sangue e o comerciante tem que ter o sorriso no rosto”, enfatiza.

Visão do futuro

Com as empresas estabilizadas, Zambon espera que um de seus filhos, Sara, Pedro ou Amélia, dê continuidade ao seu trabalho e o expanda ainda mais. “Caso isso não aconteça, também ficarei contente, pois sei que estarão felizes com a profissão que escolheram”. Também acredita que, no futuro, sua empresa deverá contar com uma plataforma digital, agregando mais um serviço de atendimento aos clientes, mas não pretende expandir as lojas físicas.

Da esq. para a dir.: Giordano Chagas Neto, Alceu Longhi, Marci e Maria Zilda Zambon e Marcelo Zambon, no dia da inauguração da Hobby Magazine

Para aqueles que sonham em ter seu próprio negócio, Zambon ainda dá um conselho: a pessoa deve decidir se vai ser um velocista ou maratonista. “Se eu fosse um atleta seria um maratonista, pois eu me preparo para chegar ao final dos 42 mil metros, sem me preocupar com a velocidade. Vejo muito empreendedor velocista, participando de uma prova rápida. Ele chega logo ao final e depois não sabe para onde ir. Aí seu empreendimento fecha”, compara.

Para ele a atual vida de comerciante é diferente do passado. Hoje o comerciante é um assalariado. “Eu me considero empreendedor, entre abrir, fechar, remodelar e readequar as lojas. Tive que tomar muitas decisões de empreendedor, senão não conseguiria sobreviver esses 40 anos. Eu me considero realizado e feliz com a profissão que escolhi. Não pretendo me aposentar tão cedo”, finaliza.